sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Um filho com 25 anos

"Parece que foi ontem que nasceu!"
Acredito que muitas mães e pais pensam a mesma coisa, toda a vez que um filho faz aniversário. Mais do que a sensação de que se está velha/velho, para mim, é a eterna lembrança do momento do parto, tudo que o envolveu antes e depois, como lembranças vivas que não se apagam!

As únicas fotos da minha gravidez são as do meu casamento, num vestido que bem disfarço a gordura, mais do que a própria barriga. Não tive "barrigão" por duas razões: engordava menos de 1kg por mês e o Felipe nasceu prematuro. Naquela época, não se costumava fotografar tanto assim.

Nem ecografia fiz, ainda não era um procedimento de rotina em 1983. Mais interessante ainda, pois eu tinha absoluta certeza de que seria um guri, com nome escolhido há anos e não me dei ao trabalho (nem o pai) de pensar em nome de menina, caso nascesse uma!

Lembro do aniversário de 19 anos do Felipe e o meu choque em perceber o quanto EU era criança, quando ele nasceu... Idéia que nem eu, nem ele compartilhávamos na mesma época...

FELIZ ANIVERSÁRIO, MEU FILHO AMADO!
Nas fotos: Vô João e Vó Elaine, mãe Marlene e o mano Fernando em 13 de agosto de 2008, dia do seu aniversário.

quinta-feira, 1 de maio de 2008

Perguntas que não fiz...

... e me arrependo tremendamente da oportunidade perdida: 1) Mini-mercado em Trancoso, Porto Seguro, Bahia, julho de 2005, crise do "mensalão": noticiário na TV e eu no caixa, ouvindo aquilo de cara feia, aguardando a minha vez de pagar. Veio o comercial, sacudi a cabeça e soltei alguma imprecação contra o PT e o Lula. Um homem, morador do lugar, virou-se para mim e disse: não se preocupe, o Lula não irá perder a eleição. Olhei para ele, não disse nada e saí. Menos de 1 quadra, lembrei que poderia ter perguntado o óbvio "por quê?". Até hoje me arrependo. Não apenas Lula se reelegeu, como o novo governador da Bahia seria petista também. 2) Cafeteria de xópin, Porto Alegre, 1º de maio, 16 horas, minutos antes de assistir a um filme: olhava para aqueles (as) trabalhadores (as) e ficava imaginando, qual seria o sentimento em ter que trabalhar num feriado de/para trabalhadores! Por que não perguntar, puxar conversa? Ao mesmo tempo, estava pensando, incomodada, ao menos hoje, as pessoas poderiam se organizar para estar em casa, com amigos e famílias, deixando, aos trabalhadores de serviços essenciais, o encargo de trabalhar. Será que não sabemos mais nos divertir sem que pessoas "paguem" com seu tempo? Pior, ainda deverá ter algum (a) trabalhador (a) (de serviço não essencial), que considere absolutamente "normal", legítimo até, sair de sua casa, ficar longe de sua família, para que pessoas "abastadas" (ou que ganhem o suficiente para pagar 13 reais por um ingresso de cinema) possam se divertir...

Até hoje, não sei o que me faz ficar tímida em momentos tão especiais como estes: medo da resposta? Enfado? Preconceito? Um pouco de tudo isso? Assim como tenho horror de ir a supermercado em domingo e feriado, achei o xópin lotado muito desconfortável moralmente. Até porque acredito, que algum (a) trabalhor (a) não haveria de saber o que significava o feriado de 1º de maio. Acho que não quis sofrer de desgosto, caso comprovasse a minha hipótese.

Quanto ao baiano, a minha condenação do PT, ainda no início do escândalo, valeu mais do que o seu conhecimento, que uma simples pergunta óbvia teria permitido. Deixei de saber, antecipadamente, que o carlismo estava perdendo força política na Bahia...

terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

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Blog do Kayser.

quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

12 anos de transplante

Hoje, 30 de janeiro de 2008, é uma data muito especial para mim: completo 12 anos de transplante do fígado. Atingi a média de sobrevida de um tx hepático.
E isso não é pouco. Quando a gente faz transplante e toma conhecimento dessas coisas, a pergunta que se faz é: será que eu chegarei até lá? Eu me perguntava isso. O impressionante, é que o tempo passou e eu não percebi. Para quem acreditava que não tinha futuro e muitas vezes cheguei a fazer coisas justamente por não saber o dia de amanhã, agora em novembro, em Buenos Aires, caminhando pela Florida, não só eu tive futuro, como a vida de transplantada passou sem eu me encucar com isso! Ou seja o futuro havia passado sem que eu tivesse percebido!!! Mais precisamente, eu já vivia o futuro incerto todos esses anos.
Tenho certeza que só sobrevivi à doença terminal - colangite esclerosante associada à retocolite ulcerativa - porque eu precisava ver meu filho se tornar adulto. Eu precisava ter saúde para educar meu filho (com 12 anos na época da cirurgia) e vê-lo se transformar num homem decente. E, mais interessante, os últimos seis anos de tx passaram sem que eu me encucasse com o fato e as limitações de uma pessoa transplantada, porque eu reencontrei o amor, uma situação a qual eu me negava a aceitar como algo natural, lá nos primeiros anos de pós-vida: como deixarei um homem viúvo? Assim, namorei muito entre os anos de 1998 a 2002. Até que tomei a decisão de ano novo: está na hora de me tornar uma mulher séria, mas ainda em 2000. Aproveitei dois anos de lambuja, antes de encontrar meu atual companheiro, porque há decisões difíceis de encarar, quando a gente anda se divertindo muito...
E também não senti meus últimos 6 anos, porque a militância política pela democratização das comunicações tomou meu tempo, meus pensamentos, minhas ações por uma boa carga-horária, tarefa ingrata, mas necessária quando se é de esquerda. Todas estas coisas eu pensei em Buenos Aires. Como não se inspirar, quando se faz uma viagem com quase TODA A FAMÍLIA? Uma coisa inédita para pais, três filhos, dois netos, uma cunhada e dois amigos de sempre(a outra cunhada e o Eugênio não foram, uma pena).
Nunca tive medo de morrer, só sabia que tinha que viver, porque meu filho precisava de mim. Talvez por isso, não me preocupe com religiões ou fé. Como não entendo a vida, não perco meu tempo em tentar desvelá-la. Naquela madrugada de 30 de janeiro de 1996, enquanto me dirigia para o raioX numa cadeira de rodas empurrada pelo meu pai com a minha mãe ao lado, um monte de ossos sustentados apenas pelos tendões e pele, com tubo saindo do pescoço e dos braços, uma alegria se instalou em mim: passei pelo pátio interno e me senti na rua, numa madrugada agradável e com céu estrelado. Olhando aquele azulão escuro pontilhado de luzes, sentindo aquela suave brisa, pensei aquele fígado é meu, eu farei transplante.
Há uma hora antes, meu médico Álvaro Cassal havia me informado, que estavam analisando um fígado para meu transplante, MAS QUE NADA ESTAVA CERTO AINDA. No entanto, dariam início aos procedimentos pré-operatórios, entre eles o raioX dos pulmões. Ao cruzar o pátio, eu me sentia como se estivesse fazendo um passeio daqueles bem desejados...
No bloco cirúrgico, cumprimentei a Dra. Maria Lúcia Zanottelli e adormeci, implicando com o anestesista: duvido que encontres veias nestes braços. Só me lembro de acordar na UTI desentubada.
Bueno, já se foram os doze anos, meu filho é um homem de 24 anos e decente. Meus pais estão vivos e bem. Há muitos anos levo uma vida como qualquer outra mulher que não teve a mesma história de vida que eu, mas só há pouco tempo me dei conta disso.
Quanto ao futuro, para morrer, basta estar vivo, não é mesmo? E quem sabe dele? É que, agora, eu me sinto uma pessoa como qualquer outra. Transpus o enigma da sobrevida, naquele sentido de desafiar o tempo, não de temer a morte. Estou aqui para dar coragem a quem tem que passar pelo que já passei.

Continuo com muito tesão pela vida, expressão do Dr. Álvaro para tentar compreender a minha força e resistir à doença. Já estava setenciada: ou a Claudia faz cirurgia até o fim de janeiro, ou ela sai da lista, porque não resistirá ao procedimento. Minha mãe nunca duvidou, de que eu conseguiria.

segunda-feira, 24 de dezembro de 2007

glitter graphics

A todos e a todas que passaram por aqui.
Claudinha.

quarta-feira, 28 de novembro de 2007

Canini

Canini, desenhando o Zé Carioca para o Felipe.

domingo, 18 de novembro de 2007

Racing Club: Campeão do Mundo - 40 anos

Fim da festa de comemoração: vô João e seus netos Felipe e Ricardo.
Ricardinho: "nunca me emocionei tanto na vida".
Golden Center, Buenos Aires, Argentina - 4/11/07

quinta-feira, 8 de novembro de 2007

"La Gloria" del Racing Club

Com o pai, "La Gloria" Joao Cardoso, e meu irmao Roberto (meu outro irmao, Rodrigo, so chegaria a noite neste dia), no estadio do Racing Club de Avellaneda, junto a foto oficial do campeonato mundial de interclubes de 1967.

domingo, 28 de outubro de 2007

Ricardo: 1ª Eucaristia

O carolinha do meu sobrinho Ricardo, em momento de profunda reflexão, após receber a 1ª Eucaristia. Em 21/10/07, Osório, RS.

"Halloween"

Vejo, com muita preocupação, a "importação" de mais um produto cultural anglo-saxão/estadunidense por essas bandas: o "halloween". Porém, o Felipe dá aula numa escola de inglês que, numa jogada de marketing, promoveu a festa para algumas escolas infantis privadas do bairro.
Como fazemos parte daquele novo núcleo familiar, no qual divórcios e novos casamentos, dependendo das circunstâncias, ampliam as relações familiares, seguem os cliques da priminha Joana e da Tia Ângela na festa que, tal qual toda a família Barison, acolheu o Felipe em seu seio com toda a amorosidade do mundo. Aliás, mesma sorte teve meu amado sobrinho Ricardo pelas famílias Santos e Faraon.

quinta-feira, 4 de outubro de 2007

Doando Vida

Ontem, dia 3 de outubro, foi o lançamento do livro Doando Vida, livro com fotografias de pacientes transplantados e em lista que se hospedaram na pousada Via Vida, trabalho voluntário dos fotógrafos Júlio Appel e Walter Karwatzki e das fotógrafas Elda Franco, Maria Clara Adams e Marta Morales.
Como transplantada de fígado e amiga do Walter, fui convidada a escrever as frases que acompanharam as fotos da exposição (junho de 2007) e um dos textos introdutórios deste maravilhoso livro.
O que escrever nos autógrafos? Lancei mão dos meus lemas, recursos egóicos para manter a tranqüilidade e que me embalaram em distintos momentos.
Sobre a rejeição: "Desesperar jamais" e "tudo passa".
Sobre a vida de transplantada: "Viver e não ter a vergonha de ser feliz" e "Gracias a la vida que me ha dado tanto".
Um abraço especial aos amigos Annete, Hals, Cássio e Osvaldo Biz. E um super, mas um super abração à minha mãe, que jamais acreditou na minha despedida, mesmo quando a medicina já preparava a família a respeito do meu limite...

Eu e Dona Elaine, de malas prontas para passear em Buenos Aires, lugar que minha mãe nunca quis ter saído.